Quem teve a oportunidade de prestigiar o desfile comemorativo aos 141 anos de Jaraguá do Sul, na ensolarada terça-feira de 25 de julho de 2017, testemunhou orgulhosamente uma autêntica manifestação representativa da diversidade e grandeza de nossa cidade. Lá estive com a família, na arquibancada, defronte ao palanque oficial, onde o habilidoso profissional Sidnei Lopes narrou com maestria, por cerca de duas horas o transcorrer do honroso desfile, em meio às autoridades.
A partilha do bolo gigante oferecido pelo Núcleo de Panificação e Confeitaria, associados da Acijs e Apevi, aos embalos musicais da banda In Natura e show Terra Som com Enéias Raasch, deram o digno tom de encerramento ao evento. A mim tudo pareceu perfeito, ângulo de visão privilegiado do alto da arquibancada, filha desfilando e honrando a faixa do Baependi, não fosse um detalhe simples para maioria, mas, significativo na minha visão particular, observado já na abertura.
Em conformidade com o protocolo cívico, a abertura do desfile se deu com o Hino Nacional executado com brilhantismo pela Banda de Música do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville, sob a regência do 2º Tenente Tavares. Colocamo-nos em posição de sentido e respeito, com mais uns três ‘gatos pingados’. A quase absoluta maioria manteve-se passivamente sentada.
Senti-me acometido por uma depressão cívica. Julguei, a contragosto, que tal atitude pudesse ter relação direta com o status político, econômico e social do país. Então sobreveio a execução do hino de Jaraguá. Conjecturei que estaria agora, diante de uma prova comparativa. Em posição de sentido presumi: oras, se Jaraguá do Sul é considerada uma cidade referência nos cenários estadual e brasileiro e “gigante” no conceito de seu povo, não verei ninguém sentado nessa arquibancada durante a execução de seu hino. Mais uma ultrajante surpresa.
Agora a sensação foi de decepção cívica municipal. Quando esperava ver o “gigante” se manifestar no coração dos que ali estavam, o que vi foi uma arquibancada de indiferentes “nanicos cívicos” despretensiosamente sentados. Os parcos movimentos labiais não se davam por conta do hino local, mas das pipocas.
Presenciei, em essência, uma amostra representativa que traduz o baixo sentimento de pertença e orgulho cívico do brasileiro. É compreensível, aceitável e legítimo que um povo reprove seus governantes. Mas é inconcebível renegar a Pátria. É uma atitude obtusa confundir ‘Pátria’ com ‘maus brasileiros’.
A propósito, um de nossos ilustres organizadores da República, Rui Barbosa, bem sustentou que “a Pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organismo. Multiplicai a família, e tereis a Pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sanguínea”.
Enfim, não vislumbro outras forças maiores, capazes de mudar uma nação, que não sejam o ‘orgulho’ e o ‘senso de pertença’. Entretanto, alheio à esse meu particular detalhe, testemunhamos um digno desfile com presença expressiva da comunidade.