As disfunções pélvicas mais frequentes nas crianças são enurese (xixi na cama), incontinências fecais e constipação intestinal.
A enurese é a perda involuntária de urina durante o sono. A partir dos cinco anos de idade, a maioria das crianças já adquiriu o controle da micção, quando isso não acontece até os sete anos de idade, a enurese passa a ser um problema na socialização da criança. Os mecanismos não são emocionais, são principalmente fisiológicos.
O principal mecanismo é a dificuldade em acordar quando a bexiga emite sinais de estar cheia, associada a uma alta produção de urina durante a noite pela falta do hormônio anti-diurético, que regula a quantidade de urina. Pode também estar associada à hiperatividade de bexiga, neste caso é comum apresentarem problemas também durante o dia.
Os fatores hereditários estão definidos e filhos de pais que perdiam urina, tem maior probabilidade de também sofrerem de enurese.
A enurese é mais comum do que se imagina. Estudos indicam a prevalência de 3% a 19% entre os meninos e 9% a 16% entre meninas de 5anos de idade, reduzindo para 2 a 3% entre os adultos jovens.
Xixi na cama não é culpa da criança, não devendo os pais usar de punição e sim de apoio. O ambiente familiar deve ser o suporte para esta criança adquirir sucesso no seu tratamento.
A incontinência fecal e ou constipação se dá com mais frequência em crianças com maus hábitos comportamentais e dietéticos, assim como uma incoordenação dos músculos do assoalho pélvico. Uma das características da constipação é a retenção voluntária das fezes, o que modifica o ato defecatório normal.
As fezes acumuladas podem gerar alterações da motilidade em todo o trato gastrointestinal, e como resposta ao comportamento voluntário de retenção, pode tornar o trânsito lento e ressecado das fezes.
A persistência do comportamento, modifica a atividade muscular do assoalho pélvico, levando a criança a incoordenação, com contração muscular ao invés do relaxamento no momento de defecar.
Entre os recursos fisioterápicos utilizados, estão o treinamento muscular do assoalho pélvico, eletroterapia, alarme noturno e terapia comportamental. O tratamento se dá de forma lúdica e adaptada para cada caso. As sessões ocorrem com frequência semanal e individual. Nenhum procedimento é invasivo ou doloroso para a criança.