Em minha passagem pelo mundo da educação acadêmica, entre 1992 e 2007, sempre adjunto ao colegiado da Administração, testemunhei, entre tantos projetos, o germinar de uma semente que se tornou árvore frutífera. Confesso que, tanto nas esferas acadêmica quanto pública, projetos são, normalmente, muito discutidos e pouco realizados.

Particularmente, em incontáveis reuniões de projetos que participei, tinha por hábito indagar ao final: ‘e como faz para concretizar’? Obtive uma dessas respostas quando uma semente plantada pelo professor de engenharia mecânica Renato Zanandrea, nos idos de 2002, regada e cultivada até hoje pelo professor Victor Alberto Danich, se convertera no atual Núcleo de Inovação e Pesquisas Tecnológicas – JaraguaTec.

Mantem-se gravado em minha memória o dia em que ambos apresentaram o projeto à Apevi, como pré-incubadora no campus Unerj, atual CatólicaSC, e como incubadora no condomínio industrial da Prefeitura. Tenho acompanhado a trajetória desse nascedouro tecnológico, de cuja fonte já jorrou 14 empresas estabelecidas no mercado, encontrando-se 17 em processo de incubação.
Posso assegurar que o JaraguaTec é hoje uma das quatro melhores incubadoras do Estado, ao lado de referências como a Fundação Certi/Celta, de Florianópolis, o Instituto Gene (Furb), de Blumenau, e a Fundação Softville, de Joinville.

Conectado com a vocação e identidade empreendedora de nossa região, este atua integrado aos arranjos produtivos locais, principalmente como ‘agente nuclear’ no processo de geração e consolidação de micros e pequenas empresas, estimulando processos industriais ou de prestação de serviços orientados para a inovação tecnológica.

Sustento, portanto, que o JaraguaTec se tornou esse ‘case’ genuíno e ativo, por não ser um projeto puramente acadêmico, tampouco puramente político. Penso que sua sustentação deverá seguir a logicidade de ‘construção coletiva’, envolvendo parcerias institucionais determinantes como, a CatólicaSC correspondendo ao seu papel de extensão, a Prefeitura de Jaraguá do Sul (PMJS), a Associação das Micro e Pequenas empresas do Vale do Itapocu (Apevi), a Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), além de apoios voluntários.

Sendo assim, reportando-me a sua natureza e missão, não consigo identificá-lo como ‘unidade empresarial’. Porquanto, não vejo como prudente e digno o propósito imediatista da necessidade de auto sustentação por meio de geração própria de lucro. Este será papel intrínseco das empresas por este geradas.

Enxergo-o, sim, mas estrategicamente como ‘núcleo’ de geração e transferência de tecnologias e conhecimentos, com espaço para ideias e empresas inovadoras, ‘núcleo’ este, orbitado e energizado por centros de pesquisas, de treinamento e formação, agências de fomento, poder público e instituições de ensino, visando, na frente, uma sociedade mais desenvolvida.

Rita Grubba

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