Contrário do que se pensa, há uma fronteira muito tênue entre escravidão e liberdade. O sofisma de que ‘não se concebe liberdade com escravidão’, se desconstrói com o substancial argumento de que ‘o homem mais livre é o escravo da lei’. Ou, como bem proclamou Cícero, “sou escravo do dever por amor à liberdade.” Portanto, ao longo de nossa história, a escravidão apenas mudou de forma e circunstância. O escravo da pólis grega tinha plena consciência de sua condição subserviente, assim como tinha percepção clara de sua classe opressora. Já, o escravo contemporâneo sofre alienadamente e desprovido de consciência, ou seja, é escravo sem se dar conta.
1) você é um escravo quando não dispõe de dois terços do dia para o descanso, lazer e ócio benfazejo. Uma das mais respeitadas especialistas em ‘workaholism’, a australiana Gayle Porter, sustenta que “o traço mais marcante do ‘workaholic’, que o identifica como ‘viciado’, é o fato de o seu comportamento causar problemas significativos, como a deterioração da saúde e o afastamento da família e dos amigos”, além de serem, comprovadamente, menos produtivos;
4) e reservo por último, o mais desgraçado dos vassalos. Aquele que se torna escravo de seus preconceitos e, notadamente, de seu próprio ego. Este é facilmente identificado pela necessidade de falar muito de si mesmo e de suas crenças, ao invés de construir em silêncio e com tolerância. Ao evidenciar reiteradamente seu próprio valor, está, em essência, revelando uma forma de se ocultar em sua senzala existencial.